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ESTAÇÃO VIDEOARTE

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sábado, 28 de fevereiro de 2015

Adensamento e Expansão

________________________________________________________ _________________________________________________________ A exposição apresenta o novo conjunto de obras incorporadas ao acervo do Centro Cultural UFG, reunindo produções de onze artistas e dois coletivos nacionais (provenientes de Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Tocantins e Distrito Federal) e de três artistas internacionais (oriundos do Canadá, de Cuba e dos Estados Unidos). ________________________________________________________ ________________________________________________________ Por meio da exposição, pretendemos exibir ao público o resultado dos processos de adensamento e de expansão vivenciados pelo programa de formação do acervo. Como é nosso costume, a visibilidade do acervo é parte fundamental do nosso programa de exposições, atrelado ao caráter educativo e formador, conforme exigem a vocação do acervo público aqui depositado e as atribuições da Universidade. ________________________________________________________ _________________________________________________________ A ideia de adensamento advém tanto da importância dos artistas quanto da alta qualidade das obras reunidas: nomes capitais para a arte brasileira contemporânea são inseridos pela primeira vez numa coleção pública goiana; artistas de relevância histórica para o desenvolvimento da arte contemporânea em Goiás são apresentados com obras de elevada significação em suas carreiras; artistas internacionais que passaram por Goiânia e que de diferentes formas contribuíram para verticalizar os debates artísticos, incluindo as doações de obras ao CCUFG. Obras importantes em suas trajetórias e expressivas de seus processos criadores. __________________________________________________________ A ideia de expansão surge do próprio crescimento do número de peças acervadas. O nosso programa de formação do acervo opera no sentido de incorporar mais artistas, de preencher lacunas históricas, de ampliar a representação das linguagens e as fases poéticas dos artistas, de dilatar o repertório de categorias artísticas, de estabelecer diálogos entre produções de diferentes territórios, de fortalecer a representação da arte contemporânea de Goiás, do Brasil e do exterior, e de acompanhar as constantes alterações da arte hodierna. ________________________________________________________ _________________________________________________________ A exposição que agora exibimos resulta, portanto, das articulações e operações desenvolvidas para ampliar o acervo do Centro Cultural UFG, simultaneamente adensando-o e expandindo-o, com o objetivo de solidificar o trabalho de colecionismo, guarda, conservação, documentação e difusão de arte contemporânea desenvolvido pela instituição. ________________________________________________________ ________________________________________________________ Nesse momento em que o movimento da Geração 80 completa 30 anos e que recebe comemorações em muitos museus do país, é muito significativa a incorporação das obras de Ângelo Venosa, Cristina Canale, Daniel Senise e Leda Catunda, por meio do Prêmio Marcantonio Vilaça Funarte MinC 5ª edição. Os quatro artistas são nomes de destaque na arte brasileira que emergiram no cenário com a Geração 80, responsável durante a penúltima década do século passado pela atualização das categorias tradicionais da pintura e da escultura, e que continuam atualmente a desenvolver obras distendendo suas pesquisas anteriores e provocando ainda grande interesse da crítica e do público. ________________________________________________________ _________________________________________________________ O fluminense Ângelo Venosa explora novas situações espaciais e diferentes materiais para elaborar suas insólitas esculturas, caracterizadas pelo aspecto biomórfico e orgânico dos volumes que cria ou dos materiais que emprega. A obra incorporada ao acervo, é um organismo composto por duas peças e produzida a partir da sobreposição intercalada de superfícies de acrílico preto e branco, que proporciona ritmo interno e as sensações óticas que emanam do trabalho, que é uma obra das mais importantes criadas pelo artista nos últimos anos. ________________________________________________________ ________________________________________________________ Fluminense que reside há anos na capital da Alemanha, Cristina Canale fixa com os materiais tradicionais da pintura seu imaginário particular extraído do cotidiano. A pintura incorporada ao acervo retrata um dos animais de estimação da artista em uma situação prosaica e poética ao mesmo tempo, um trabalho construído pela pincelada segura e pelo uso sábio da cor aplicada em camadas rarefeitas. ________________________________________________________ _________________________________________________________ O fluminense Daniel Senise tem extensa pesquisa sobre as condições de revigoramento da pintura no contexto contemporâneo. Há alguns anos deixou de usar tinta e pincel para executar suas obras, e passou a empregar colagens de telas recortadas e impregnadas por resíduos de qualidade pictórica extraídos de superfícies arquitetônicas. Com rigorosa metodologia cria estruturas, tramas e construções que remetem ao desgaste e a memória da própria superfície, corpo da pintura. ________________________________________________________ _________________________________________________________ A Paulistana Leda Catunda também cria trabalhos de pintura usando outros materiais como suportes e como informações visuais. A obra agregada ao acervo é exemplar de sua recusa aos limites regulares da tela, de sua pincelada descompromissada e ágil sobre imagens apropriadas retiradas do universo kitsch, dispostas sobre suportes recortados, estofados e contornados por molduras de veludo, que potencializam aspectos cromáticos e acentuam o humor característico de sua produção. ________________________________________________________ ________________________________________________________ Buscando o adensamento e a expansão, a curadoria convidou alguns artistas a integrarem a coleção do CCUFG por meio de doações de suas obras. Uma parcela destes convidados é integrada por artistas que (assim como os elencados pelo Prêmio Marcantonio Vilaça Funarte MinC) também emergiram e/ou se afirmaram na cena artística durante os anos 80, e que na atualidade se encontram com suas carreiras consolidadas sendo referenciais para as gerações emergentes; a outra parcela é formada por artistas jovens que se inserem de maneira definitiva no circuito. ________________________________________________________ Eliane Prolik, importante artista paranaense reconhecida por suas esculturas em metais e por suas inusitadas instalações, o acervo recebe um objeto (exemplar de um múltiplo) no formato de caixa ou estojo de joias, que guarda sequências de alianças de casamento ligadas como elos de uma corrente, remetendo à memória do corpo e das mãos que se ligam e aos laços familiares constituídos por afetos. ________________________________________________________ ________________________________________________________ Marina Boaventura é a primeira artista tocantinense a ganhar visibilidade nacional por sua produção comprometida com as reflexões e as linguagens da atualidade; da artista o acervo agrega um objeto constituído por antiga mala, adesivada por nostálgicas estampas religiosas e por decalques de rosas, que liga o popular e o kitsch à linguagem contemporânea e que se mostra como um recipiente no qual memórias afetivas encontram-se guardadas. ________________________________________________________ ________________________________________________________ Fluminense radicado em Brasília, Gê Orthof é atualmente um artista referencial para a jovem produção; a obra doada ao CCUFG não possui uma categoria definida transitando livremente entre objeto e escultura sem ser nenhuma delas; a obra é um corpo que faz referência à História da Arte e ao pintor francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848) e é formada por um organismo com pele de couro e por inúmeros objetos arranjados de maneira inusitada e quase improvisada, porém prenhe de significados. ________________________________________________________ ________________________________________________________ Uma das jovens pintoras cuja obra desperta interesse atualmente, a artista brasiliense Camila Soato comparece no acervo com a doação de uma pintura que mescla figuração de cachorros e padrões de abstração, com fatura propositalmente precária, articulando repertório e abordagens que beiram o mau-gosto, o non-sense ou mesmo o trash, reinterpretando a “fuleragem” trazida do Corpos Informáticos, coletiva em que atua. ________________________________________________________ ________________________________________________________ Goiano residente em Brasília, Virgílio Neto é um artista obsessivo que trabalha quase compulsivamente; dele o acervo agrega um conjunto de desenhos que exibem vasto repertório de figuras, cujos significados são às vezes insondáveis de tão subjetivos e herméticos; deus trabalhos traçam verdadeiros embates com o ato de desenhar, atualizando a linguagem, os meios e os suportes do desenho. ________________________________________________________ _________________________________________________________ O goiano Fernando Costa Filho Filho atua desde o final dos anos 70, mas sua obra se consolidou durante a década seguinte tornando-se emblemática da Geração 80 em Goiás; dele o acervo recebe uma pintura atual e uma série de desenhos, datados de diferentes épocas, marcados por fatura espontânea, iconografia despojada dos valores acadêmicos e uso de sinais geométricos; obras responsáveis por transformações e mudanças no conceito de desenho e de pintura em Goiás durante tal período. ________________________________________________________ ________________________________________________________ Também atuante em Goiás desde meados dos anos 80, Enauro de Castro comparece com uma instalação complexa constituída por um móvel contendo objetos, moldes em gesso, texto e áudio, com adjunção de registros fotográficos e de delicados desenhos emoldurados e dispostos na parede; o resultado é um conjunto que remete à memória de seu próprio corpo e às narrativas familiares. ________________________________________________________ _________________________________________________________ O Convite ao Grupo EmpreZa e ao Corpos Informáticos decorre da necessidade da Instituição acervar obras e registros de obras desses dois coletivos, significativos por suas longas trajetórias históricas e pela qualidade do grau de instigação de seus trabalhos; consideramos também que os coletivos são agentes característicos do circuito e da forma de produção da arte brasileira no século XXI, e por isso devem ter representação no acervo. ________________________________________________________ Um dos coletivos mais importantes do país, o goiano Grupo EmpreZa possui grande atuação no circuito artístico institucional e independente, desenvolvendo obras em performance, vídeo e intervenção pública; do EmpreZa o acervo recebe o vídeo de registro da performance Itauçú, obra que radicaliza a abordagem do corpo confrontando-o com pedras, e que atualiza questões da body-art e do Acionismo Vienense da década de 70. ________________________________________________________ ________________________________________________________ O coletivo Corpos Informáticos está em atuação desde 1992 sendo pioneiro no Brasil na prática coletiva e na criação e reflexão sistemática sobre performance e suas relações com os meios tecnológicos ou mídias low-tech; Do Corpos Informáticos o acervo recebe o vídeo Encerando a chuva no qual membros do grupo desenvolvem ações que beiram o non-sense, como dançar na chuva com enceradeiras pintadas de vermelho, situações banais que instauram o conceito de “fuleragem”, criado e desenvolvido pelo grupo. ________________________________________________________ ________________________________________________________ Obras de três artistas estrangeiros foram incorporadas ao acervo, distendendo o nicho da coleção dedicado à produção internacional. A qualidade de suas pesquisas artísticas e a relevância de seus trabalhos para seus respectivos contextos e também para o nosso, justificam a inserção de suas obras. Durante estadas em Goiânia para residências, participações em congressos ou exposições, suas obras foram doadas ao CCUFG. ________________________________________________________ A canadense Chantal duPont atua como professora da Escola de Artes Visuais e Midiáticas da Universidade de Quebéc e Montreal, sendo importante artista da cena contemporânea de seu país; os três vídeos da artista agregados ao acervo são carregados de sua autobiografia e formam uma trilogia sobre o tratamento heterodoxo a que a se submeteu diante das câmeras, a “resistência” e a superação das dificuldades físicas acarretadas pela doença; é uma obra que liga indissociavelmente vida e arte e que recebeu o Prêmio Bell em Vídeo Arte Canadá 2005 Conselho das Artes do Canada. ________________________________________________________ _________________________________________________________ A americana Jaime Bennati atua como professora na Educational Service Center of Central Ohio e desenvolve residências em periferias de Cidades brasileiras. A série de colagens incorporada ao acervo, foi produzida no CCUFG durante residência em Goiânia, com a utilização de SIT PASS, bilhetes de passagens do sistema de transporte coletivo da cidade, arranjados em disposições de ordem construtiva, que reinventam a imagem da trama e dos fluxos urbanos. ________________________________________________________ _________________________________________________________ O cubano Julio Ruslán Torres vive e trabalha em Havana onde atua como professor do Instituto Superior de Arte de Cuba. O conjunto de desenhos agora agregados ao acervo pertencem à série La Conduct’Art, e aprofundam as reflexões sobre os modos de vida e sistemas de controle dos cidadãos cubanos, uma vez que os desenhos foram inspirados nas cadernetas de anotações, nas quais o Estado registra a distribuição dos bens e serviços aos indivíduos. _________________________________________________________ ________________________________________________________ Organizar uma coleção pública de artes visuais é muito mais que a simples inclusão de obras adquiridas e/ou doadas à instituição. Na verdade, ver o resultado do processo de colecionismo é a parte prazerosa à qual o público tem acesso, pois o árduo trabalho de formar e conservar o acervo do CCUFG é quase secreto. Ele se dá internamente e envolve o desenvolvimento longas conversações e negociações com artistas e com instituições, depois técnicas preventivas de conservação, as necessidades de cada obra dentro da reserva técnica, a atualização de mídias, organização de material de pesquisa, documentação fotográfica e catalogação museológica, além de solicitar programas de exposição e de educativo envolvendo tanto as práticas relacionadas ao acompanhamento das exposições, quanto aquelas relacionadas a ciclo de palestras, debates e seminários. Um amplo campo de trabalho que o Centro Cultural UFG assume com responsabilidade e com a crença de que a superação das dificuldades possibilitará um lugar melhor para a arte e para a educação em nosso território. _________________________________________________________ *Artista plástico, professor da FAV/UFG e Diretor do CCUFG. _________________________________________________________

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